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Este Blogue tem como objectivo a discussão da violência em geral e da guerra na Pré-História em particular. A Arqueologia da Península Ibérica tem aqui especial relevo. Esperamos cruzar dados de diferentes campos do conhecimento com destaque para a Antropologia Social. As críticas construtivas são bem vindas neste espaço, que se espera, de conhecimento.

Guerra Primitiva\Pré-Histórica
Violência interpessoal colectiva entre duas ou mais comunidades políticas distintas, com o uso de armas tendo como objectivo causar fatalidades, por um motivo colectivo sem hipótese de compensação.


Saturday 23 May 2009

Descoberta sepultura do neolítico com o mais antigo núcleo familiar conhecido

por Nicolau Ferreira (18 Nov 2008). Público.
apud Blog SERGIVS - Leg XXV

Testes genéticos confirmaram o parentesco.
A disposição das ossadas mostra o cuidado de quem sepultou a família com 4600 anos de idade. O filho mais velho de frente para o pai, ofilho mais novo de frente para a mãe e os dois adultos flectidos, pernas a tocarem-se num contínuo, com a cabeça do homem em direcção a Oeste, a da mulher em direcção a Este, mas a face de ambos a olhar para Sul, como era tradição na Cultura da Cerâmica Cordada que existiu no Centro e Nordeste europeu durante o neolítico. O "quadro" encontrado no sítio arqueológico de Eulau na região alemãda Saxónia-Anhalt é tão ilustrativo da ideia de família que Wolfgang Haak sentiu-se comovido quando viu pela primeira vez a sepultura. "Sentes uma certa simpatia por eles, é uma coisa humana", disse,c itado pela BBC News, o cientista do Australian Centre for Ancient DNA (Centro australiano para o DNA antigo). Mas foi a confirmação genética do parentesco entre a família quetornou a descoberta publicada hoje na revista científica "Proceedingsof the National Academy of Sciences", tão excitante. "Ao estabelecer os elos genéticos (...) estabelecemos a presença do núcleo familiar num contexto pré-histórico na Europa Central - pelo que sabemos, amais antiga prova dada pela genética molecular até agora", disse Haak, um dos autores do artigo, citado pelo Science Daily", Foram encontradas quatro sepulturas e 13 corpos. Os adultos apresentavam vários ferimentos: uma mulher tinha uma ponta de pedra enterrada na vértebra e outra apresentava ferimentos no crânio. Segundo os cientistas, a comunidade sofreu um ataque violento de outrogrupo e salvaram-se os jovens adultos, já que a maioria das ossadaspertenciam a crianças ou a mulheres com mais de 30 anos. Os cientistas pensam que quem se salvou veio depois enterrar osmortos, pois conheciam de perto as relações dos indivíduos. "A disposição dos corpos espelha as relações que tinham em vida", diz oartigo, que refere a importância dada ao parentesco já que, por exemplo, os filhos do casal estão virados para os pais e de costaspara o Sul, indo contra os costumes da cultura. Os cientistas compararam o ADN dos ossos entre os adultos e ascrianças. Com o ADN mitocôndrial, que todas as pessoas herdam da mãe, e com o ADN do cromossoma masculino - o Y, provaram que os dois rapazes eram obrigatoriamente filhos do homem e da mulher da sepultura. "O que é extraordinário é a genética que torna a prova [deum núcleo familiar] incontornável", disse ao PÚBLICO por telefone Mariana Diniz, professora na Faculdade de Letras da Universidade deLisboa. Através dos isótopos do estrôncio, um elemento que se vai acumulando nos dentes dos humanos ao longo do crescimento, os investigadores concluíram ainda que as mulheres, ao contrário dos homens, não eram originárias daquele local, já que tinham uma quantidade relativa do elemento que a alimentação da região não podia dar. Os investigadores defendem que as mulheres viajavam de longe, para se casarem com oshomens, evitando a endogamia e promovendo as boas relações entre comunidades.

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