Os Yanomamo habitam nas florestas tropicais do Brasil e da Venezuela, numa área de 40000 milhas quadradas banhadas pelo Rio Orinoco, são cerca de 10000 indivíduos em aldeias tribais de 40 a 250 indivíduos que possuem já uma agricultura de pequenas hortas.
O antropólogo Chagnon viveu em 1964 entre os Yanomamo, estudou os seus hábitos e concluiu que estes se encontram em guerra permanente, povo conhecido como feroz, incentiva a agressividade (waiteri) dentro da sua comunidade e tenta atemorizar os vizinhos (Keegan, 1994, p. 94).
Segundo Frigolé Reichax (1988, p. 66-68) os Yanomamo têm vários níveis de violência interpessoal na sua cultura, estes níveis crescem do individual para o colectivo, vão aumentando em intensidade e variam as armas usadas. Segundo o mesmo autor este sistema começa por ser regulamentado e ritualista, usado como forma de escape de situações mais graves ou como forma de compensação de danos sofridos, todo o povoado ou grupos vizinhos participam e normalmente os combates não levam à morte.
Chagnon (Otterbein, 2004, p. 202) refere como primeiro nível de luta interpessoal o chest-pouding, combate entre dois indivíduos com golpes no peito, de seguida temos o side-slapping, com golpes na zona lateral do tronco, depois passamos ao clubs-fights, aqui já entram armas e golpes na cabeça que podem ser mortais. Segundo o mesmo autor no combate entre grupos, a primeira forma é a luta com lanças, a primeira forma de guerra são os raids aos acampamentos dos vizinhos, temos também ataques à traição, estes acontecem durante uma suposta festa, com a ajuda de um terceiro grupo, e tornam-se em verdadeiros massacres.
Além da guerra interna os Yanomamo dedicam-se também à guerra externa atacando tribos vizinhas não relacionadas por casamento, estas são consideradas como inferiores e exterminadas num movimento de expansão (Chagnon apud Keegan, 1994, p. 97).
A guerra entre os Yanomamo (Harris, 2004, p. 431) é uma forma de conseguir mulheres (aqueles que já mataram têm mais mulheres e filhos), é também uma forma de conseguir status, dentro e fora do grupo (usar a agressividade como dissuasor de possíveis ataques dos vizinhos), conseguir recursos (o importante recurso que é a carne, desenvolvido por Harris em 1990 na p. 73-83) e vingança.
No entanto as causas e funções da guerra entre os Yanomamo não são consensuais, alguns autores acrescentam mesmo o controle de rotas comerciais ou o resultado do contacto com os europeus à discussão (Thorpe, 2003, p. 149-150).
A principal causa de morte entre este povo é a guerra, o total de mortos na guerra atinge percentagens muito altas entre a população masculina (Keeley, 1997, p. 68).
Bibliografia:
FRIGOLÉ REIXACH, Juan; ed. (1988) – As raças humanas. Resomnia Editores.
HARRIS, Marvin (2004) – Introducción a la Antropologia general. Madrid: Alianza Editorial. 7.ª Edición.
KEEGAN, John (1994) – A history of warfare. London: Pimlico.
KEELEY, Lawrence (1997) - War before civilization: The myth of the
peaceful savage. Oxford: Oxford University Press.
OTTERBEIN, Keith F. (2004) – How war began. College Station: Texas A&M University Press.
THORPE, I. J. N. (2003) – Anthropology, archaeology and the origin of warfare. World Archaeology (The Social Commemoration of Warfare). 35: 1, p.145-165.
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