por Luis Lobato de Faria
Nunes (2005, p. 222) define seteira como: "Fenda vertical, rasgada nos muros, nas torres ou, mais raramente, nalgumas ameias de castelos mais antigos, pela qual se lançavam projécteis de armas neurobalísticas (setas dos arcos e virotões das bestas).".
Aranda Jiménez e Sánchez Romero (2005, p. 186) mencionam a existência de seteiras (loopholes) na fortaleza calcolítica de Los Millares: "…Defensive strategies a Los Millares also include loopholes trought the walls at regular intervals (Figs. 2 and 3). There is a high visibility of the surrounding area trough these loopholes; such loopholes have also been documented in the outer wall of the settlement, especially in the barbican at the main gate and in forts 1 and 4 (Arribas et al. 1987). These features have been interpreted as vantage points from which archers could fire projectiles while remaining protected behind the wall. The visual angles of the loopholes towards strategic points, and their height above the ground support this idea (Arribas and Molina 1984a)".
Delibes de Castro e Santiago Pardo (1997, p.93) acerca da fortaleza calcolítica do Zambujal: "…la segunda linea, rasgada por una serie de angostos callejones que, al tiempo que impedían el acceso tumultuoso al segundo recinto, ponían el supuesto inmigro a merced de las saeteras de uno de los patios que por entonces se abrieron en la fortaleza central, al desembocar directamente en su zona de influencia.".
Kunst (2000, p. 136) descreve as seteiras do Zambujal nos seguintes termos: "A nova muralha contém oito janelas muito estreitas e uma pequena porta muito baixinha. As janelas, que permitem observar as pequenas portas na II linha, são consideradas seteiras. Nesta relação, também é interessante o facto de a maior parte das pontas de seta de sílex serem encontradas nesta zona, entre a primeira e a segunda linha da defesa (Uerpmann-Uerpmann no prelo).".
A meu ver as seteiras são uma forte evidência de guerra primitiva no Calcolítico da Península Ibérica. Quanto a polémicas: a existência de várias seteiras num bastião não implica um arqueiro para cada uma delas, apenas várias hipóteses de tiro para o mesmo arqueiro; o tamanho dos arcos varia muito, conforme podemos observar pela Arte Rupestre Levantina, a intenção das seteiras é evitar a aproximação dos inimigos à muralha, logo temos tiros de proximidade, os arcos não têm que ser muito grandes, a evolução das estruturas defensivas pode levar à especialização dos arcos; a altura das seteiras do Zambujal representa uma adaptação a uma situação específica, esta consiste na defesa da muralha contra inimigos que já estão dentro da fortaleza, o principal objectivo é evitar que estes se abriguem (agachados) contra a muralha defendida, as seteiras são baixas de maneira a diminuir o ângulo morto com o solo, não podemos esquecer que os arqueiros nas seteiras trabalhariam em conjunto com outros guerreiros no topo das muralhas. Temos também que ter em conta a altura média dos habitantes do Zmbujal e claro dos seus inimigos.
ARANDA JIMÉNEZ, Gonzalo; SÁNCHEZ ROMERO, Margarita (2005) – The origins of warfare: later prehistory in southeastern Iberia. In Pearson, Mike Parker; Torpe, I. J. N., eds – Warfare, violence and slavery in Prehistory. BAR Internacional Series, 1374, p.181-194.
DELIBES DE CASTRO, Germán; SANTIAGO PARDO, Jorge (1997) – Las fortificaciones de la Edad del cobre en la Peninsula Ibérica. In Garcia, J. A.; antona del vale; eds – La guerra en la anteguedad: una aproximación al origen de los ejércitos. Madrid: Ministerio de Defensa. p. 85-107.
KUNST, Michael ; UERPMANN, Hans-Peter (2002) – Zambujal (Torres Vedras, Lisboa), relatório das escavações de 1994 e 1995. Revista Portuguesa de Arqueologia. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia. 5: 1, p. 67-96.
NUNES, antónio Lopes Pires (2005) – Dicionário de arquitectura militar. Vale de Cambra: Caleidoscópio.
Nunes (2005, p. 222) define seteira como: "Fenda vertical, rasgada nos muros, nas torres ou, mais raramente, nalgumas ameias de castelos mais antigos, pela qual se lançavam projécteis de armas neurobalísticas (setas dos arcos e virotões das bestas).".
Aranda Jiménez e Sánchez Romero (2005, p. 186) mencionam a existência de seteiras (loopholes) na fortaleza calcolítica de Los Millares: "…Defensive strategies a Los Millares also include loopholes trought the walls at regular intervals (Figs. 2 and 3). There is a high visibility of the surrounding area trough these loopholes; such loopholes have also been documented in the outer wall of the settlement, especially in the barbican at the main gate and in forts 1 and 4 (Arribas et al. 1987). These features have been interpreted as vantage points from which archers could fire projectiles while remaining protected behind the wall. The visual angles of the loopholes towards strategic points, and their height above the ground support this idea (Arribas and Molina 1984a)".
Delibes de Castro e Santiago Pardo (1997, p.93) acerca da fortaleza calcolítica do Zambujal: "…la segunda linea, rasgada por una serie de angostos callejones que, al tiempo que impedían el acceso tumultuoso al segundo recinto, ponían el supuesto inmigro a merced de las saeteras de uno de los patios que por entonces se abrieron en la fortaleza central, al desembocar directamente en su zona de influencia.".
Kunst (2000, p. 136) descreve as seteiras do Zambujal nos seguintes termos: "A nova muralha contém oito janelas muito estreitas e uma pequena porta muito baixinha. As janelas, que permitem observar as pequenas portas na II linha, são consideradas seteiras. Nesta relação, também é interessante o facto de a maior parte das pontas de seta de sílex serem encontradas nesta zona, entre a primeira e a segunda linha da defesa (Uerpmann-Uerpmann no prelo).".
A meu ver as seteiras são uma forte evidência de guerra primitiva no Calcolítico da Península Ibérica. Quanto a polémicas: a existência de várias seteiras num bastião não implica um arqueiro para cada uma delas, apenas várias hipóteses de tiro para o mesmo arqueiro; o tamanho dos arcos varia muito, conforme podemos observar pela Arte Rupestre Levantina, a intenção das seteiras é evitar a aproximação dos inimigos à muralha, logo temos tiros de proximidade, os arcos não têm que ser muito grandes, a evolução das estruturas defensivas pode levar à especialização dos arcos; a altura das seteiras do Zambujal representa uma adaptação a uma situação específica, esta consiste na defesa da muralha contra inimigos que já estão dentro da fortaleza, o principal objectivo é evitar que estes se abriguem (agachados) contra a muralha defendida, as seteiras são baixas de maneira a diminuir o ângulo morto com o solo, não podemos esquecer que os arqueiros nas seteiras trabalhariam em conjunto com outros guerreiros no topo das muralhas. Temos também que ter em conta a altura média dos habitantes do Zmbujal e claro dos seus inimigos.
ARANDA JIMÉNEZ, Gonzalo; SÁNCHEZ ROMERO, Margarita (2005) – The origins of warfare: later prehistory in southeastern Iberia. In Pearson, Mike Parker; Torpe, I. J. N., eds – Warfare, violence and slavery in Prehistory. BAR Internacional Series, 1374, p.181-194.
DELIBES DE CASTRO, Germán; SANTIAGO PARDO, Jorge (1997) – Las fortificaciones de la Edad del cobre en la Peninsula Ibérica. In Garcia, J. A.; antona del vale; eds – La guerra en la anteguedad: una aproximación al origen de los ejércitos. Madrid: Ministerio de Defensa. p. 85-107.
KUNST, Michael ; UERPMANN, Hans-Peter (2002) – Zambujal (Torres Vedras, Lisboa), relatório das escavações de 1994 e 1995. Revista Portuguesa de Arqueologia. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia. 5: 1, p. 67-96.
NUNES, antónio Lopes Pires (2005) – Dicionário de arquitectura militar. Vale de Cambra: Caleidoscópio.
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