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Este Blogue tem como objectivo a discussão da violência em geral e da guerra na Pré-História em particular. A Arqueologia da Península Ibérica tem aqui especial relevo. Esperamos cruzar dados de diferentes campos do conhecimento com destaque para a Antropologia Social. As críticas construtivas são bem vindas neste espaço, que se espera, de conhecimento.

Guerra Primitiva\Pré-Histórica
Violência interpessoal colectiva entre duas ou mais comunidades políticas distintas, com o uso de armas tendo como objectivo causar fatalidades, por um motivo colectivo sem hipótese de compensação.


Saturday, 25 April 2009

A Estratégia

por Luis Lobato de Faria

“… Ciência que, tendo em vista a guerra, visa a criação, o desenvolvimento e a utilização adequada dos meios de coação política, económica, psicológica e militar à disposição do poder político para se atingirem os objectivos por este fixados …” (Dicionário da Língua Portuguesa, 1998).
Os primeiros registos da existência de alguma estratégia chegam-nos do Egipto e da Mesopotâmia (III milénio), temos como exemplo a Epopeia de Gilgamesh. No mundo ocidental temos os poemas Homéricos (VII a. C.), a Ilíada e a Odisseia. Estes registos reportam a guerra de sociedades estatais no entanto na guerra primitiva existem evidências de pensamento estratégico.
Uma estratégia usada na guerra primitiva consiste em ataques frequentes ao grupo inimigo, uma guerra de atrito (Keeley, 1997, p. 48). Estes ataques de surpresa, tentam eliminar inimigos isolados ou em inferioridade numérica, minimizando assim os riscos para o grupo atacante (Keeley, 1997, p. 65-67). Este método vai eliminando inimigos e a longo prazo pode levar à aniquilação total ou absorção do grupo inimigo.
Dawson (2001, p. 61) refere o caso dos Dinka do Sudão, estes estão a ser assimilados pelos Nuer num processo de competição e raids.
Pelo registo arqueológico chegam-nos evidências de estratégia na Pré-História. A construção de fortificações exige tempo, recursos e planeamento, exige estratégia. A localização das fortificações em locais considerados estratégicos, controlando rotas ou recursos, com visibilidade entre diferentes fortificações, a existência de terras de ninguém, tudo isto demonstra pensamento estratégico.
Nas palavras de Myers (2005, p. 44): “Fortifications…require more centralized planning and longer-term commitment than a one day ambush or battle.”.


Referências
DAWSON, Doyne (2001) – The first armies. London: Cassel & Co.
Dicionário da Língua Portuguesa (1998). Porto: Porto Editora.
KEELEY, Lawrence (1997) - War before civilization: The myth of thepeaceful savage. Oxford: Oxford University Press.
MYERS, Darryl (2005) – War before history: a critical survey. Florida State University, College of Arts and Sciences.

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