Por Luis Lobato Faria
Consiste num ataque de surpresa ao habitat do inimigo na tentativa de aniquilar todos os seus ocupantes, diferencia-se do raid apenas no objectivo, este é a aniquilação do maior número possível de indivíduos do grupo inimigo, portanto termina sempre com um número elevado de baixas.
Consiste num ataque de surpresa ao habitat do inimigo na tentativa de aniquilar todos os seus ocupantes, diferencia-se do raid apenas no objectivo, este é a aniquilação do maior número possível de indivíduos do grupo inimigo, portanto termina sempre com um número elevado de baixas.
Nas palavras de Keeley (1997, p.67): "A gradual scalar transition in primitive warfare leads from the small raid to the massacre. The latter are larger surprise attack whose purpose is to annihilate an enemy social unit…".
Keeley (1997, p. 67-69) menciona vários exemplos etnográficos e históricos de massacres entre os índios do continente americano. É de destacar o exemplo arqueológico, também mencionado por este autor, do massacre de Crow Creek no Dakota do Sul em 1325 d.C. Aqui os arqueólogos encontraram uma vala comum com restos osteológicos de 500 homens, mulheres e crianças, estes mostravam sinais de morte violenta e de mutilações.
Como outros exemplos arqueológicos de valas comuns com indivíduos massacrados temos Ofnet (Frayer, 1997 apud Thorpe, 2003, p. 157) e Talheim (Wahle Konig, 1987 apud Vandkilde, 2003, p. 128) ambas do neolítico da Alemanha.
Para a Península Ibérica temos o caso de San Juan Ante Portem Latinam (Etxeberria e Vegas, 1992 apud Kunst, 2000, p. 132-133) no Calcolítico.
Estes massacres podem ocorrer disfarçados sob a forma de uma festa. Esta é uma forma de guerra primitiva bastante interessante e traiçoeira, um grupo convida a outro para uma festa, este não pode recusar pois no sistema tribal é considerado sinal de medo (Dennen, 1995, p. 98). Na festa o grupo de anfitriões, por vezes com a ajuda de um terceiro grupo, ataca de surpresa os seus convidados, estes ataques devido à proximidade e à surpresa são devastadores (Dennen, 1995, p. 98).
Esta forma de guerra primitiva é muito comum entre os Yanomamo (Chagnon, 1968 apud Dennen, 1995, p. 97).
Temos descrições etnográficas de raids surpresa com o objectivo de massacrar o inimigo por parte dos Aborígenes australianos: "...and finding most of them asleep, laying about in groups, our party rushed upon them, killing tree on the spot, and wounding several others…" (Buckley apud Leblanc e Register, 2004, p. 114).
Os massacres são a forma mais violenta e efectiva de guerra primitiva.
Referências:
DENNEN, John Matheus Gerardus van der (1995) – The Origin of War: The Evolution of a Male Coalitional Reproductive Strategy. Groningen: Origin Press.Dicionário da Língua Portuguesa (1998). Porto: Porto Editora.
KEELEY, Lawrence (1997) - War before civilization: The myth of thepeaceful savage. Oxford: Oxford University Press.
KUNST, Michael (2000) – A Guerra no Calcolítico na Península Ibérica. Era- Arqueologia. 2, p. 128-142.
LEBLANC, Steven A.; REGISTER, Katherine E. (2004) – Constant battles: the myth of the peaceful, noble savage. New York: St. Martin’s Griffin.
THORPE, I. J. N. (2003) – Anthropology, archaeology and the origin of warfare. World Archaeology (The Social Commemoration of Warfare). 35: 1, p.145-165.
VANDKILDE, Helle (2003) – Commemorative Tales: archaeological responses to modern myth, politics and war. World Archaeology (The Social Commemoration of Warfare). 35: 1, p.126-144.
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